Bianca Castanho em “Esmeralda”. Divulgação / SBT
Desde o início da década, o SBT vem apostando em adaptações de sucessos mexicanos. Uma investida para consolidar o perfil de novelas que o seu público costumava se identificar melhor e que acabou tornando-se opção em um formato diferenciado de teledramaturgia.
Muito em questão de precisar driblar a falta do interesse de autores brasileiros a escreverem fora da Globo, a solução encontrada por Silvio Santos foi de remontar no Brasil as tramas que foram êxitos mundiais. Para isso, fechou contrato com a gigante Televisa e passou a produzir remakes das telenovelas mexicanas, que horas eram tramas jamais antes vistas e em outras recontavam histórias já apresentadas por aqui.
Esmeralda
Oitava produção da parceria com a Televisa, Esmeralda estreou em 2004 e fez bastante sucesso. Apesar de a sua adaptação ter sido quase nula, já que o texto original era apenas traduzido, a nova versão ainda assim superou a mexicana.
O elenco bem escalado e talentoso que contou com nomes como os de Lucinha Lins, Karina Barum e Manoelita Lustosa, permitiu total superioridade no quesito atuação.
O grandioso sucesso pode ser creditado também a Bianca Castanho que interpretou com maestria a inocente menina pobre e cega. Com expressões corretas, comovia e apaixonava o telespectador sem dizer nenhuma palavra.
A novela se converteu em um grandioso êxito e foi reapresentada outras duas vezes.
Cristal
Também interpretada por Bianca Castanho, a novela que narrava a história de Cristina, moça pobre e abandonada pela mãe e que acabava indo trabalhar como modelo na empresa de sua própria genitora, também já foi contada por aqui em “O Privilégio de Amar”.
No início, vista com a salvadora da pátria e que devolveria a vice-liderança perdida para “Prova de Amor” da Record, a produção teve grande investimento em cenografia e também em elenco.
Começou baseando-se em “Império de Cristal”, primeira versão entre todas, mas com o fraco desempenho, foi ordenado que seguisse a versão já exibida no Brasil e sem adaptações, ou seja, na mesma base do copia e cola.
Coincidentemente ou não, a trama começou a subir no Ibope. A superioridade em relação às outras versões dá-se em questão do ar de modernidade que a produção do SBT teve, transportada para os dias atuais, ficou mais clara, moderna e retratou melhor o mundo da moda.
O Privilégio contou um baita elenco, tal qual Cristal, nisso se equipararam, mas a produção da Televisa era escura, sombria e isso sem necessidade. Mas que também não tira seus méritos.
Maria Esperança
Começando a falar das tramas que realmente foram adaptadas, ou seja, tiverem a espinha dorsal e personagens principais mantidos, mas acrescentados outros elementos como novos núcleos e correções de erros. Maria Esperança, de 2007, foi baseada no grande sucesso mundial “Maria Mercedes” com a famosa e querida Thalia.
A responsabilidade da adaptação era grande, mas Yves Dumont, tirou de letra. O original apresentava uma série de artifícios impensados em uma produção atual, mas o autor tirou conseguiu fazer uma boa novela.
As cafonices e exageros das caracterizações e dos cenários foram excluídos, personagens ganharam melhor desenvolvimento e participação e absurdos grandiosos foram retirados, como mãe e filha que se vestiam exatamente iguais e uma personagem que mudava de roupa com um passe de mágica sempre que atravessa um portão.
O autor penou e construiu uma nova trama. Barbara Paz esteve ótima com a sua Maria brasileira e a brilhante Tânia Bondezan enterrou a exagerada Malvina original, interpretada por Laura Zapata.
Amigas e Rivais
Letícia Dornelles pegou uma novela sem pé nem cabeça, em que personagens entravam e saiam sem explicação ou tinham reviravoltas absurdos, mas mesmo assim se saiu bem. A coautora de “Por Amor”, da Rede Globo, utilizou o enredo principal e os personagens que se interligavam na história e recriou em uma nova trama em 2007.
Permaneceram as quatro amigas e seus familiares, mantidos o perfil de cada um, e acrescentados novas tramas e querência. A vilã brasileira foi diagnosticada como sociopata, o que justificava seu comportamento agressivo, diferentemente da mexicana que era um demônio a troco de nada.
Originalmente uma novela grande, a versão tupiniquim não cansou ou perdeu o fôlego em novas fases, contrariando mais uma vez a original. O final surpreendente em nada lembrou o tenebroso e descabível mexicano.
Letícia mereceu parabéns por construir uma história com lógica, principalmente ao se basear em outra que era uma mistura de nada com coisa alguma. Os próprios executivos mexicanos autorizaram as mudanças e reconheceram a superioridade do texto brasileiro.
Temos ainda “Amor e Ódio”, “Canavial de Paixões” e “Corações Feridos” como boas adaptações e que se equivalem aos originais no quesito produção, história ou elenco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário